segunda-feira, agosto 28, 2006

Este é o meu nome...

"Disse Moisés a Deus: quando me perguntarem:
Qual é o nome do Deus que te enviou? Que lhes direi?
Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU.
Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros...
este é o meu nome eternamente,
e assim serei lembrado de geração em geração."
Êxodo 3.13-15


Sempre achei que "tomar o nome do Senhor em vão" significava muito mais do que se costuma pensar que significa. Tomar o nome do Senhor em vão não é apenas o uso desrespeitoso de seu nome, em meio a brincadeiras e deboches ou uso repetitivo sem pensar.
De acordo com o Aurélio, nome é a palavra que exprime uma qualidade característica ou descritiva de pessoa ou coisa; um epíteto.
Deus disse a Moisés que não teria por inocente aquele que tomasse seu nome em vão. Entendendo que tomar o nome do senhor em vão era pronunciá-lo de forma desrespeitosa, passaram a evitar pronunciá-lo, pensando, assim, fugir do castigo que sobrevem àqueles que desrespeitam o nome do Senhor. E, de tal modo fugiram de pronunciar o nome que, com o passar dos tempos perdeu-se a sua pronúncia e já não se sabia mais como dizê-lo. Mas o desrespeito para com o nome continuou tão presente quanto o castigo que tal desrespeito atraía.
Que dizia, então, o terceiro mandamento?
Lembro-me do salmo 23 que diz que o pastor guia as suas ovelhas pelas veredas da justiça por amor do seu nome. As ovelhas são timbradas com nome de seu dono. Seu andar desviado das veredas pelas quais anda o pastor envergonha-o, gera-lhe prejuízos na medida em que danos causados pelas ovelhas serão pagos por aquele cujo nome está escrito em seu dorso. Ovelhas teimosas, que andam fora das vistas de seu pastor, fora do alcance de sua vara e de seu cajado, estão tomando em vão o nome do seu Senhor.
Tomar o nome do Senhor em vão é tomá-lo do modo vazio como se tomam todos os outros nomes, já que a esse nome nenhum outro se compara. Os nomes buscam caracterizar os nomeados com as características que os nomeados querem encontrar em seus nomes. Como o cão que anda em círculos buscando morder o próprio rabo. Tomar o nome do Senhor em vão é tomá-lo como trivial, é tomá-lo sem se dar conta de que a essência de tudo mais ganha nele sentido e referência.
O uso do nome evoca aquele que por ele é nomeado. O nome é símbolo de seu possuidor. É por isso que, quando Moisés pediu para saber por qual nome Deus era chamado, ele disse: "Eu sou aquele que é", "EU SOU é o meu nome". Todo nome busca uma referência para caracterizar seu possuidor. Mas, não havendo uma referência sobre a qual Deus pudesse buscar identificação para si mesmo, conta a Moisés ser ele a referência para tudo que existe e se nomeia. Chama-se AQUELE QUE É, aquele em quem tudo existe e subsiste, por meio do qual tudo veio à existência. Seu ser dá sentido não somente aos nomes mas também aos seres nomeados.
Tomar o nome de Deus de modo significativo - e não vazio, e não em vão – é o mesmo que dizê-lo – em palavra ou nas ações do viver – entendendo estar nele o referencial de toda a existência. Tomar o nome do senhor de modo significativo é entender que só nele é possível encontrar sentido para a própria existência.
Muitas pessoas estão buscando auto-conhecimento, estão buscando um encontro com elas mesmas por meio de um mergulho no seu próprio interior. Mas esse mergulho é um mergulho no nada. Para encontrar-se é preciso encontrar AQUELE QUE É. Nele está a sustentabilidade do ser. Esse é o modo de tomar o nome do Senhor e não tomá-lo em vão.