segunda-feira, setembro 11, 2006

Tirando força da fraqueza


"Se te mostras fraco no dia da angústia a tua força é pequena"
Provérbios 24.10

Há dias que nos parecem muito mais difíceis que outros, carregados, inclusive, de algumas dificuldades que não enfrentamos costumeiramente. O interessante é que, pensando bem, em muitas dessas vezes, tais dificuldades nem são assim tão mais pesadas que aquelas que enfrentamos em outras ocasiões, nas quais não chegamos a ficar muito abatidos. Mas, então, por que estas exaurem tão completamente as nossas forças? Por que nos parecem tão únicas?
Parece que o problema é que, em determinados dias, estamos mais fracos, despreparados, indispostos e cansados do que em outros. É a tal da relatividade: há dias em que nossos problemas são tão grandes, mas assim o são em relação à nossa fragilidade. Tudo o que se quer nesses dias é reunir o pouco de força e disposição que nos restam e aplicá-las para desincumbir-nos apenas dos deveres inadiáveis. No entanto, os problemas vão-se apresentando, um a um, todos aparentemente muito maiores que nós. E, assim, o inadiável acaba sendo adiado.
Em dias assim, as palavras de Salomão, acima citadas, ressoam em nossos corações, sem que as possamos compreender. Estava o sábio falando de uma obviedade sem tamanho ao afirmar que quem se mostra fraco no dia da angústia, nada mais faz do que evidenciar que sua força é pequena? Não. Não pode ser isso...

Por outro lado, se entendemos que ele está fazendo uma afirmação de causa e efeito, somos levados a interpretar que a coisa que nos faz ter força pequena é o fato de mostrar-nos fracos no dia da angústia. Assim sendo, se alguém pretende ser forte no dia da angústia, terá de mostrar uma grande força. Nessa relação de causa e efeito, mostrando-nos fortes, fazemo-nos fortes. Estaria Salomão induzindo-nos a fingir força para adquirir força?... Não. Certamente também não se trata disso.

Uma boa metáfora para compreender a afirmação do sábio é aquela situação em que você está virando uma esquina e se vê frente a frente com um cão assassino, rosnando para você, pronto para estraçalhá-lo. Há quem diga que, numa situação assim, não se deve sair correndo para não demonstrar medo, mas é exatamente isso que eu faria. O fato é que, seja para encarar, seja para sair correndo, sua corrente sangüínea é invadida por uma over dose de adrenalina, de modo que você tem uma força especial, tanto para uma quanto para outra reação – no meu caso, para sair em disparada. Finda a experiência, sabe-se que aquela velocidade, aquela força não nos era própria, tiramo-la de onde nada havia. No momento do perigo, posicionamo-nos e nos dispusemos para o batalha.

É nisto que o sábio insiste: na hora da angústia, para que a nossa força seja grande, temos de fincar os pés, encher os pulmões, arregaçar as mangas e tomar posição para o embate: ter bom ânimo. "Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena". Forjamo-nos e adestramo-nos constantemente no tempo presente para as lutas do momento seguinte. Assim, lutando e vencendo, vamos ficando mais preparados e fortalecidos para prosseguir.

O oposto também é verdadeiro: a cada desistência nossa, a cada jogo em que o time adversário ganha de nós por "W.O.", a cada decisão de sentar à beira do caminho por considerar que a caminhada é longa demais para nós, a cada fraqueza assumida como final, perdemos a oportunidade de treinar e melhorar nosso preparo pessoal - é um crescimento a menos, um enfraquecimento a mais...

O único jeito de sermos fortes no dia angústia é aprender a colher, pela fé, onde nada há para ser colhido, tirando força da fraqueza, ir desenvolvendo a musculatura espiritual, firmando os tecidos emocionais e reestruturando também a constituição do corpo físico. É assim que, pouco a pouco, passo a passo, assumindo um perfil de vencedor, um perfil de pessoa forte, acabamos sendo fortes – no dia da angústia.