terça-feira, julho 04, 2006

Eu, porém...

"Tinha eu quarenta anos quando Moisés, servo do SENHOR,
me enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra;
e eu lhe relatei como sentia no coração.
Meus irmãos que subiram comigo desesperaram o povo;
eu, porém, perseverei em seguir o SENHOR, meu Deus."
Josué 14.7

Todos que já leram sobre a libertação do povo de Israel do Egito conhecem a história de Josué e de Calebe. Enquanto toda a geração considerada adulta por ocasião da saída do Egito não ultrapassou os limites do deserto e não experimentou o sabor de pisar e tomar posse da terra prometida, esses dois homens constituíram exceção. Em que diferiam dos demais?

O livro de Números, nos capítulos 13 e 14, narra o envio de doze dos príncipes do povo, um de cada tribo, para espiar e saber sobre a terra para a qual se dirigiam. Após o regresso, dez deles disseram terem visto lá "gigantes", acrescentando: "éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos"; "Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós". Calebe, ao contrário – e confirmado por Josué – "fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente prevaleceremos contra ela". Por qual razão um grupo se sentia tão impotente, enquanto o outro se sentia tão confiante após regressarem da mesma missão?

A diferença entre os dois grupos era o objeto de seus olhares. Enquanto os dez olhavam para os gigantes e, conseqüentemente, descobriam-se pequenos como gafanhotos, Calebe olhava para o tamanho de seu Deus e Josué afirmava: "Se o SENHOR se agradar de nós, então, ele nos fará entrar nessa terra e no-la dará. Tão-somente não sejais rebeldes contra o SENHOR e não temais o povo dessa terra; retirou-se deles o amparo; o SENHOR é conosco; não os temais"...

Essa é a idéia de fé. Em que insistimos em colocar nosso olhar: no visível ou no invisível? Mais tarde, ao comentar esse episódio, Calebe – já com seus 85 anos – ainda se lembra de ter relatado "como sentia no coração". Não relatou conforme atestavam os seus olhos, mas conforme cria em seu coração. Essa é a grande diferença.

E o Deus que honra nossa confissão de fé confirmou a palavra de ambos os grupos. O grupo dos dez e quantos mais creram neles diziam: "não poderemos entrar, não haveremos de vencer"... Essa palavra nada possuía de místico, mas era o fruto daquilo em que criam: "não somos capazes e certamente não poderemos derrotar os inimigos". Deus confirmou a confissão deles, dizendo: "De fato, não entrarão". E nenhum deles adentrou a terra prometida.

Por outro lado, Calebe e Josué, conquanto soubessem que os obstáculos eram grandes e que haveriam de lutar contra inimigos maiores que eles, não fixaram nisto os seus olhos. Antes olharam para a grandeza de seu Deus e CRERAM NELE para dar-lhes a vitória.

E o Deus que honra nossa confissão de fé confirmou a palavra desses dois homens – que diziam "o SENHOR é conosco, ele nos fará entrar nessa terra e no-la dará". De toda aquela geração adulta que saiu rumo à terra prometida somente Calebe e Josué entraram nela e a possuíram.

Ainda hoje ecoa a expressão da fé que teve Calebe no Deus que honrou a sua confissão; da fé, cuja esperança Deus sustenta; da fé que age confiando no Deus invisível em lugar de deixar-se guiar pelas tão visíveis circunstâncias; da fé naquele que traz à existência o que jamais existiu, que traz à visibilidade o objeto da esperança sabedora de que aquilo que se aguarda pela fé nunca foi menos real pelo fato de que ainda não podia ser visto.

Aqueles dois deixaram o exemplo de que é necessário ser muito firme nas próprias convicções, deixaram o exemplo de que não é sábio seguir a multidão porque nem sempre a maioria está com a verdade e de que aquilo que vêem nossos olhos nem sempre pode ser a base de nossas ações. A boca sempre fala do que está cheio o coração. Cuidemos para que ele esteja cheio de confiança no Deus Todo-Poderoso, porque ele honra a nossa confissão.