quinta-feira, novembro 03, 2005

Conversando com o Pastor das ovelhas

Eu sou o pastor das ovelhas. Sou o bom pastor.
Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem.
Eu as chamo pelo nome elas me seguem,
porque conhecem a minha voz.
Eu sou a porta das ovelhas.
Quem entrar por mim achará pastagens.
Encontrará liberdade para ir e vir.
João 10 (paráfrase)

Inicio a grande aventura de seguir, como ovelha, ao meu Bom Pastor que, ao abrir a porta do aprisco, conduz-me para fora – para as boas pastagens, para o exercício físico e para teste disciplinar; para as águas frescas e para aprender a andar sempre nos caminhos das justiça. A cada dia, reinicio essa aventura e ela é, em cada uma das vezes, inimaginavelmente nova.
Aprendo, desde cedo, a segui-lo mesmo para os vales sombrios, onde a sua presença é ainda mais sensível e também mais urgente e a disciplina é fundamental. Descubro que nesses vales é que as águas são incrivelmente frescas, como em nenhum outro lugar. É ali que a paisagem tem um encanto tal que eu bem poderia dizer que é um verdadeiro espetáculo, um show de beleza indescritível.
Está-se desenvolvendo o processo de aprender a encarar o adversário de frente, sem, todavia, estabelecer qualquer relação com ele. Sento-me à mesa do meu Pastor, em íntima comunhão com ele. Sua presença é deliciosa e ele manda que eu seja servida do manjar cujo sabor as palavras não dão conta. Sou ungida com óleos tais que refrescam desde a superfície de minha pele até os ressecamentos mais profundos de minha alma. Ao servir a minha taça, enche-a até transbordar. Parece mesmo fabuloso que tudo isso se dê perante os olhos de quem se fez meu inimigo e que muito se desagrada da cena que assiste. Assiste furioso, mas impotente: estou à mesa de meu Pastor.
Cada dia, torno a constatar que esse é mesmo o Criador que viu sua obra de arte quebrar-se e parecer arruinada, mas que é Todo-Poderoso o suficiente para conceder à minha pequena e frágil alma a graça de uma existência substancialmente livre e ousada, cercada de bondade e misericórdia, num mundo que jaz no maligno. Mas o melhor de tudo isso é saber que assim será até aquele dia quando, mais que sua hóspede de honra, instalar-se-á a adoção, o meu estabelecimento definitivo na posição de filho na casa onde passarei a habitar por dias que não terão fim.

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