quinta-feira, maio 18, 2006

Apoio inabalável


...e não te estribes no teu próprio entendimento.
Prov. 3.5

Estive me lembrando de algumas vezes em que passei por períodos de grande prostração. Ficava assim como resultado de esgotamento físico que, por sua vez, resultava do excessivo trabalho, do labor nos estudos, de lutas com enfermidades na família. Além de tudo isso, somava-se o estresse gerado por situações desnecessárias, tais como a busca de atender as muitas expectativas das pessoas à minha volta, a indignação causada pelos juízos de valores de outros em relação à minha vida, cobranças de todos os lados. Lutas por fora, à volta da gente; lutas por dentro, consumindo da alma suas últimas reservas de energia.
Não pretendo tratar agora das circunstâncias geradoras daqueles estados de prostração. O que me veio à memória nesses últimos dias foi a lembrança do estado propriamente dito e de tudo que pude colher daquela luta.
Lembro-me de vezes em que ajoelhava para orar, para clamar a Deus por socorro. Naquelas horas pensava nas palavras do sábio: "e não te estribes no teu próprio entendimento" (Provérbio 3.5). Aprendi a não apoiar-me em mim mesma. Aprendi, naquelas horas, a apoiar-me em Deus em oração. Confessava-lhe meu total esgotamento, minha absoluta falta de reservas, quer no corpo, quer na alma. Sabia que sequer teria forças para levantar-me da posição em que me colocara para orar.
Assim, aquele cantinho escolhido para essa entrega total diante dele, para ali declarar o reconhecimento da completa falência que se apossava do meu ser –, aquele cantinho se tornava um estribo – semelhante àquele que acompanha a sela do cavalo e sobre o qual o cavaleiro apóia o seu peso para subir no animal. Aprendi, então, a não me estribar em mim mesma, em meu próprio entendimento.
O fato é que, sempre que passava por essa experiência, levantava-me renovada, refeita. Depois de todas as lágrimas vertidas, erguia-me com uma alegria que inundava o meu ser e com meu espírito cheio de paz.
(In)felizmente, a experiência de chegar ao ponto do esgotamento profundo não ficou no passado de minha vida. Talvez até pudesse dizer que existe uma tendência de serem essas experiências cada vez mais profundas, haja vista que o tempo vai passando, o corpo envelhecendo e seus limites vão-se tornando cada vez mais nítidos. Mas, em contrapartida, o amadurecimento advindo dos encontros com Deus nesses vales da vida estabelece muitas diferenças entre o tempo de agora e aquele que se foi. Cada vez estou mais firme no entendimento de que não há em mim mesma uma base sobre a qual estribar-me, e estou cada vez mais firme em minha confiança em que Deus é meu apoio estável, consistente, meu suporte absoluto.
Confie no SENHOR de todo o coração e não se apóie no seu próprio entendimento".

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