quarta-feira, maio 24, 2006

Não fosse o SENHOR...


Não fosse Senhor...
"Não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado ....
não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado .... e teríamos sido engolido vivos;
as águas nos teriam submergido, e sobre a nossa alma teria passado a torrente;
águas impetuosas teriam passado sobre a nossa alma.
Bendito o SENHOR, que não nos deu por presa...
Salmo 124.1-6

"Tem dia que a gente se sente como quem partiu ou morreu" – já dizia a música do Chico Buarque. De fato, há dias em que a gente sente a vida muito pesada. É como se houvesse uma onda no ar, um tsunami à volta da gente, o qual nos lança de um lado para outro quando se tenta mesmo o menor dos movimentos.

Nessas ocasiões, o coração fica como se feito de gelatina fosse. As pernas se tornam trôpegas, os braços esmorecidos. Sente-se totalmente perdido, sem forças e sem direção. Desfalece-se a alma. De repente, a gente começa a se sentir pequeno demais diante da vida e é como se os passos precisassem ser maiores do que as pernas e o horizonte, então, diante dos olhos, tornasse-se maior do que o alcance do olhar.

É algo assim difícil de explicar... Perde-se a visão do todo e o olhar desce ao nível microscópico. Vê-se não mais o corpo, mas, em vez disso, vêem-se trilhões de pequeninas células com suas centenas de microestruturas, todas sobrecarregadas. De repente, o mundo – olhado assim microscopicamente – fica mesmo um mundo muito grande. De repente, não há força que baste para percorrer tamanha distância, lutar batalha tão renhida... parece mesmo que o dia ficou mais longo do que se pode suportar... e a nítida sensação que se tem é de estar-se vivendo em meio a uma guerra. E, conquanto seja necessário, não é fácil encontrar o caminho a trilhar no meio de um campo minado.

O escritor do Salmo 124, na ocasião em que o escreveu, certamente vivia uma situação semelhante a essa. Ele abre o coração e conta que se sentiu como se estivesse prestes a ser engolido vivo. Como se o rio da vida, de repente, tornasse-se em mar bravio e suas águas impetuosas o quisessem submergir, fazendo passar suas torrentes sobre ele. Nessa hora, todavia, ele não estava só. Seu Deus era sempre presente.

Passadas as grandes ondas, o salmista olha para trás e diz: "se não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado... ah! Se não fosse o SENHOR...

Observando, assim, a experiência do escritor, fazemos coro com a sua voz e dizemos também: se não fosse o SENHOR... ah! Se não fosse o SENHOR que sempre esteve ao nosso lado... Nas horas de turbulência, quando as ondas queriam fazer-nos naufragar, elas nos teriam engolido vivos, elas nos teriam feito submergir... ah! Se não fosse o SENHOR...

Mas certo é que ele sempre esteve e sempre está ao nosso lado. O que nos falta, na maioria das vezes, é aprender a olhar para ELE, em vez de olhar para as grandes ondas. O que nos falta é aproveitar esses momentos em que nos sentimos tão pequenos, tão limitados, com as pernas menores que os passos que temos de dar, aproveitar que ganhamos consciência de nossa finitude e pequenez e, então, entender que o tamanho microscópico é uma característica não apenas nossa: também caracteriza as ondas que, EM RELAÇÃO A ELE, são igualmente pequeninas.

A questão não é recuperar uma visão grandiosa a respeito de nós mesmos. A questão é recuperar a visão da grandeza de Deus e confiança para corrermos para ELE porque, de fato, o mar é bravio e, nele, não dá pé.

Bendito o SENHOR que não nos deu por presa.

Um comentário:

  1. mummy, uau (wow!) me fez refletir e tomar uma nova decisão. BEijos Alice

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